sábado, 18 de agosto de 2007

Sobre as Dores (trecho)

Direi que corro o risco, mas não sem antes sussurrar a quem queira. Risco de falar algo que engana, apesar do conforto ao que o assunto me remete. Os corretos que me perdoem, mas longe do sofrimento, do incrédulo pesar que é por vezes, e já não poucas, colocado em nossos ombros, aqui constará apenas sobre vícios e quem sabe ainda sobre um pouco de bom gosto.
inda aos fãns dos prazeres sutis, corro o risco de servir mais um prato à crítica. Numa bandeja, as flores de dentro de uma roseira cujos espinhos seriam por demais doloridos àquela grosseira visão sobre ela própria, sim, à dor.
Dos direitos que são concedidos a quem se esta por ir, aqui faria uma máxima sobre o título e a justificativa, para quem sabe, todo o resto.
A nós homens que amamos, em certo ponto, a qualidade do cuidar é nossa obra mais exuberante. Sobre as dores, cuido sem saber, de todos os meus preciosos vícios.
Cuido direitinho, para nunca deixar a saudades ir embora a noite, muito menos largar de desejos ingênuos. Viciado assumido da esperança, vício desesperado, que de tanto acalma. A quem ainda adora um bom prato, como eu mesmo, sente isso ao se conformar com seu primeiro vício sem gosto. Aqui já não corro o risco de compor acidentalmente, pois realmente o faço. Uma obra expressionista sem olhos ou boca, como um bom gosto sobre o não se arriscar.
Existe um estranho fim no próprio vício. Sobre as dores, espera-se que talvez sejam as curas ao invéz das causas. E dessa forma... Viciam!
A nós homens que perigosamente criamos a solidão com o próprio amar, e quem sabe assim já nem isso saberíamos fazer. A quem mais cuidar além de todos os nossos preciosos vícios? Sobre as dores, digo que são rosas, lindas e dotadas de um romantismo a que pouco se compara.
Vou aqui falar antes de dores, ainda que também o sejam, sobre coisas que acontecem. Em dia dos vivos, coisas que não se explicam. Ao menos de um ponto de vista em que a própria moral adora discutir. Coisas de dias, que arrastam o tempo, montam a vida tão inocentes quanto o julgar de perdões.

Mesmo antes de padecer o gostar e sem honras para dar seu sentido completo, recorro essa tentativa de salvação, a um simples credo, como uma oração honesta. E ainda, por demais dolorida, é forte.
Peço o que se pode, e ainda que por mais comum que possa ser, acaba sendo mais um caso. E quem ainda diz tanto, com alardes e suspiros aos casos correspondidos de quem se gosta, saberá que só o faz por ser raro, e ante a isso cabe mais o caso perdido como o verdadeiro gostar.
De casos, ela ia já cheia e mesmo que mais um viesse, creio não se tratar de algo que realmente importe. Fato é que muito além dos casos, nada se tiraria deles sem se saber, indo muito adiante da grande geração que a eles mesmos seriam portadores, sobre aquela dor que ainda mais do que outras é causa de tempos atrás.
Ainda que não queira ser partidário do fim do gostar, acabo afundado demais em seus objetivos, que incertos ainda querem corrigir. Ele quer mudar o exemplo perdido, quebrar todo o passado e tirar os espinhos de um vício em seu fim. Força, de foco certo e cego aos lados, e por isso mais forte ainda ele vai, rápido, seco e corre sem parar por feridas. Dor estranha e causa certa. Suas feridas à ela ainda causavam tudo o que mais queria, sem saber, repetir a grande dor. Vinda dos dias, de vício herdado.
De todas as dores de seus outros amores, que não poucas, martirizam o ego na luta contra o mundo ganho de presente. Real assim permanece sempre e de sempre também mantém o sonho de mudar, dessa forma, aqui sem isso, como ver o que realmente queria dizer? A ela, sem dúvida, dói muito o não gostar da chance de escapar do próprio vício que não quer descançar!
Talvez não agora, talvez... Talvez só reste torcer por sinos tocarem para o despertar. Ou ainda, só reste deixar tudo em paz.


by G.Doubek

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