quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Da arquitetura do Homem

Deixo para trás o meu passado, com os olhos marejados, um aperto no peito. Olho para frente, já não mais esperando dias melhores, somente diferentes. A esperança não se reproduz, não cresce, não floresce no âmago de minh'alma. Somente pude deixar pequenas porções pelo caminho, à medida em que esvaiu-se a minha infância, foram-se os bons amigos, acabaram-se os grandes amores, deixaram-me os entes queridos.
Já não sei mais o que esperar, quero apenas ter aprendido com meus erros. Queria ter aprendido com os erros alheios... Queria ter previsto o óbvio, agido diferente. Não pude... como dói não poder. Queima a alma saber que uma palavra a mais, ou a menos, poderia mudar radicalmente o curso dos acontecimentos. "E se?" Perguntinha angustiante...
Sempre fui muito convicto das minhas impressões e dos meus ideais. Construí um enorme edifício para guardar as memórias, muito sólido, muito grande. Muito antiquado... Deixo o passado. Intemperismos derrubaram partes de minha construção. Aqueles que me ajudaram a construí-la já não podem, ou não querem, me ajudar a refazê-la. Resta terminar a destruição. Mas dói... a remoção das fundações do ser é tortuosa, mas necessária. Do contrário, o terreno é inútil. Ficam as lições de como construir algo melhor, pelo menos diferente... de como fazer sozinho, para que saiba refazer depois.

by B.M.Ruiz